Azeite

A oliveira foi uma das primeiras plantas a serem cultivadas na região mediterrânea oriental e na Ásia Menor, há mais de 5.000 anos, ao lado das videiras.Das azeitonas, frutos da oliveira, se extrai o óleo de onde se produz o azeite, um dos primeiros alimentos fabricados pela humanidade. A palavra vem do árabe "az-zait", que nada mais significa do que "sumo da azeitona".

Azeite é um produto alimentar extraído da azeitona, o fruto da oliveira. plantado em pleno calor. Trata-se de um alimento antigo, clássico da culinária contemporânea, regular na dieta mediterrânea e nos dias atuais presente em grande parte das cozinhas. Além dos benefícios para a saúde o azeite adiciona à comida um sabor e aroma peculiares.
A região mediterrânea, atualmente, é responsável por 95% da produção mundial de azeite, favorecida pelas suas condições climáticas, propícias ao cultivo das oliveiras, com bastante sol e clima seco.

História do azeite
A origem da oliveira, na sua forma primitiva, remonta à Era Terciária, anterior portanto ao aparecimento do homem, e se situa na Ásia Menor, na Síria e na Palestina, regiões onde foram descobertos vestígios de instalações de produção de azeite e fragmentos de vasos datados do começo da Idade do Bronze. Contudo, em toda a bacia do Mediterrâneo foram encontradas folhas de oliveira fossilizadas, datadas do Paleolítico e do Neolítico, sendo também pesquisada a sua origem ao sul do Cáucaso, nos altos planos do Irã.

O uso do azeite na Antiguidade
Por volta de 3000 anos antes de Cristo, a oliveira já seria cultivada por todo o Crescente Fértil. Sabe-se, no entanto, que, há mais de 6 mil anos, o azeite era usado pelos povos da Mesopotâmia como um protetor do frio e para o enfrentamento das batalhas, ocasiões em que as pessoas se untavam dele. Com o contato entre esses povos e os hebreus, foi aprendida a produção de azeite e a cultura da oliveira, depois esse conhecimento foi passado para a Grécia e todo o Mediterrâneo por meio dos fenícios.
Havia comércio de azeite entre os negociantes da cidade de Tiro, que, provavelmente, o exportavam para o Egito, onde as oliveiras, na maior parte, não oferecem um produto de boa qualidade. Há informações extraídas do Antigo Testamento bíblico de que teria sido na quantidade de 20.000 batos (2 Crônicas 2:10), ou 20 coros (1 Reis 5:11), o azeite fornecido por Salomão a Hirão, sendo que o comércio direto desta produção era, também, sustentado entre o Egito e a Israel (1 Reis 5:11; 2 Crônicas 2:10-15; Isaías 30:6 e 57.9; Ezequiel 27:17; Oseias 12:1).
A propagação da cultura do azeite pelas demais regiões mediterrâneas ocorreu por meio dos fenícios. Assim, já na Grécia antiga começou a se cultivar a oliveira na Grécia, bem como a vinha. E, desde o século VII a.C., o óleo de oliva começou a ser investigado pelos filósofos, médicos e historiadores da época em razão de suas propriedades benéficas ao ser humano.
Os gregos e os romanos sem dúvida descobriram várias aplicações do azeite, com suas múltiplas utilizações na culinária, como medicamento, unguento ou bálsamo, perfume, combustível para iluminação, lubrificante de alfaias e impermeabilizante de tecidos.
Além disso, o azeite é mencionado em quase todas as religiões da Antiguidade, havendo inúmeras lendas e mitos a respeito. Muitas vezes a oliveira era considerada símbolo de sabedoria, paz, abundância e glória para os povos.
O azeite nas religiões antigas
Para os egípcios, o cultivo da oliveira teria sido ensinado por Ísis; os romanos também acreditavam que a origem de tal cultura teria sido uma dádiva dos seus respectivos deuses.
De acordo com a mitologia grega, ao disputar as terras do que é hoje a cidade de Atenas, o deus Posidão, com um golpe de seu tridente, teria feito brotar um belo e forte cavalo e que a deusa Atenas trouxe uma oliveira capaz de produzir óleo para iluminar a noite, suavizar a dor dos feridos e de servir como um alimento precioso, rico em sabor e energia.
Na Eneida, Virgílio faz uma menção ao azeite e à oliveira: "E com um ramo de oliveira o homem se purifica totalmente".
Rômulo e Remo, considerados descendentes dos deuses e fundadores da cidade de Roma, teriam visto a luz do dia pela primeira vez debaixo dos galhos da oliveira.
Entre os judeus o azeite teve uma grande importância nos cultos quanto ao oferecimento de sacrifícios a Deus, simbolizando a sua presença entre os homens.
Atualidade
Portugal consome anualmente 78 mil toneladas de azeite e exporta 58 mil, ou seja, necessita por ano de 136 mil. No entanto, só produz 63 mil, sendo obrigado a importar 73 mil toneladas. Na produção de azeite em Portugal destaca-se uma lista de produtos com denominação de origem protegida que era composta, em 2012 por 6 referências.
Em 2011 a produção atingiu o valor mais alto desde 1967. Com mais de 76 mil toneladas de azeite a abastecer o mercado interno e externo.
O investimento no olival que tem sido feito nos últimos anos, sobretudo no Alentejo, está a ter efeitos práticos na balança comercial, que, pela primeira vez, tem saldo positivo.
Mais de 62% de toda a produção nacional está no Alentejo, que passou de 14.854 toneladas em 2004 para 47.278 em 2011.
O Brasil importa de Portugal 40% do azeite que consome. Segue-se Espanha (o maior produtor mundial), a quem comprou 11.200 toneladas entre Janeiro e Agosto de 2012 (7,8% de aumento) e Itália.
Em 2012, a produção de azeite em Portugal caiu 8% em comparação com 2011 atingindo as 70.331 toneladas.
Na campanha 2013/14 foram atingiras as 90 mil toneladas, o valor mais elevado dos últimos 50 anos.
Produziu 61,2 mil toneladas de azeite na campanha 2014/2015.
Produziu 100 mil toneladas de azeite na campanha 2015/2016.
Em 2016, as exportações atingiram 434 milhões de euros, tendo o sector atingido um excedente da balança comercial no valor de 170 milhões de euros, com o aumento de 400% da produção de azeite e em 300% do volume de exportações.

No Brasil
O Brasil é o sétimo maior importador mundial de azeite e o segundo de azeitonas. A principal causa é que o país não planta oliveiras, e por isso mesmo, não produz azeitonas e muito menos, o azeite. Mas esta realidade está mudando. A EPAMIG - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais é pioneira nas pesquisas sobre à oliveira desde 1986, especialmente na seleção de variedades mais adequadas às condições brasileiras de clima e na produção de mudas de qualidade. As pesquisas sobre as oliveiras estão concentradas na Fazenda Experimental de Maria da Fé, uma pequena cidade do Sul de Minas Gerais, com resultados muito promissores para o desenvolvimento da cultura no Brasil. No dia 29 de Fevereiro de 2008, foi realizada com sucesso a primeira extração de azeite em terras brasileiras, e na análise de laboratório, o óleo extraído foi classificado como extravirgem, comparável aos melhores do mundo, com índices de acidez entre 0,3 a 0,7.
Há dois anos iniciaram-se as safras em Santa Catarina com capacidade de produção de óleo. A EPAGRI estima a produção de óleo industrializado em grande escala até 2011. Várias regiões do estado são propícias ao cultivo de azeitonas, principalmente o Oeste e Sul.
Produção do azeite
São necessárias de 1300 a 2000 azeitonas para produzir 250 mililitros de azeite. O azeite deve ser produzido somente a partir de métodos mecânicos e de temperatura. Na atualidade, os métodos tradicionais de processamento da azeitona deram lugar a processos modernos de extração, utilizando variação de pressão e temperatura. Com isso, o método tradicional de mistura do óleo à mão quase não existe mais, tudo é feito com maquinas e classifica-se o azeite segundo seu processo de produção da seguinte forma:
Azeite virgem, obtido por processos mecânicos. Dependendo da acidez do produto obtido, este azeite pode ser classificado como sendo do tipo extra, virgem ou comum. O azeite virgem apresenta acidez máxima de 2%.
Azeite refinado, produzido pela refinação do azeite virgem, que apresenta alta acidez e incidência de defeitos a serem eliminados na refinação. Pode ser misturado com o azeite virgem.
Azeite extra virgem. O azeite não pode passar de 0,8% de acidez (em ácido oleico) e nem apresentar defeitos. O órgão que os regulamenta e define quais defeitos são catalogados é o Conselho Oleícola Internacional.
Azeite comum é obtido da mistura do azeite lampante, inadequado ao consumo, obtido através da prensagem das azeitonas. O azeite comum não possui regulamentação.
Benefícios do azeite para a saúde
O azeite possui várias substancias benéficas à saúde. Pode reduzir a quantidade de LDL (mau colesterol) do organismo, devido à sua grande quantidade de gordura monoinsaturada, o fator importante é que essa gordura não se transforma em colesterol. Esse fator reduz o risco de infarto ou AVC, uma vez que o consumo regular do azeite reduz a formação de placas de ateromanas paredes dos vasos sanguíneos.
Outro fator importante para a saúde é que o azeite previne oxidações biológicas porque é rico em polifenóis, que reduzem a formação de radicais livres. Os radicais livres são muito nocivos à saúde pois são responsáveis pelo envelhecimento, e doenças degenerativas, como o câncer por exemplo.
Cientistas observaram que os povos das regiões do mediterrâneo têm vida mais saudável com baixo nível de infarto e câncer, por esses povos serem os maiores consumidores do azeite, e outras substâncias de uma dieta saudável, como peixe e verduras.

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